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Tombamento na área da Raul Soares enfrenta resistência

Estudo. Levantamento feito pela prefeitura indica necessidade de preservação dos imóveis que ficam no entorno da praça Raul Soare Representantes do Mercado Central e dos condomínios JK e Casa Blanca, imóveis que integram o Conjunto Urbano Praça Raul Soares e que estão situados no hipercentro de Belo Horizonte, confirmaram ontem em audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o repúdio à intenção da prefeitura de tombar esses locais. Os imóveis foram apontados por um estudo feito pelo Patrimônio Cultural da prefeitura nas áreas da praça Raul Soares e avenida Olegário Maciel. A decisão sobre o processo de proteção cultural para esses prédios ainda não foi tomada pois depende do levantamento, mas o tema já gera desconforto.Na audiência de ontem, muita polêmica foi criada em torno do que o tombamento prevê. Moradores do JK e do Casa Blanca temem o engessamento dos imóveis, a desvalorização imobiliária e a dificuldade em se conseguir licenças para reformas. Além disso, alegam que não foram consultados pelo órgão municipal previamente. “Precisamos saber o que vai acontecer com o tombamento. Temos obras urgentes e não podem esperar meses por licenças”, afirma a síndica do JK, Maria Lima das Graças. O síndico do edifício Casa Blanca, José Rodrigues, sugere que a haja votação entre moradores, mas adianta que todos são contra o tombamento. Na contramão das opiniões, a digitadora e moradora do JK Erudite Nunes, 62, acredita que a preservação é a única solução para a degradação que o edifício vem sofrendo. Ela denuncia que obras realizadas nas fachadas descaracterizaram o prédio. O presidente do Mercado Central, Macould Patrocínio, alega que o tombamento pode interferir na diversificação do mix e provocar a saída de lojistas do centro de compras por dificuldades para instalação. Ele defendeu que as restrições do tombamento podem gerar prejuízos e afirmou que vai permanecer resistente. História Arquitetura. Os edifícios JK e Casa Blanca foram indicados ao tombamento por terem imenso valor histórico e arquitetônico. Constituído por dois blocos, o complexo JK foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1952. O prédio conta com um edifício de 23 andares com frente para a rua Timbiras e outro de 36 andares na rua Guajajaras. O edifício Casa Blanca, instalado na Praça Raul Soares, faz parte da segunda etapa de ocupação do local e foi construído em 1951 para substituir imóveis de pequeno e médio porte com generosa arquitetura e com apartamentos multifamiliares. Comissões serão criadas para discutir propostas A diretora de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura, Michele Arroyo, explica que existe desconhecimento por parte dos representantes dos imóveis que passam por estudos para tombamento. Ao final da reunião, ela sugeriu que fossem criadas comissões para discutir as propostas. Ainda não há data para os encontros. Michele afirma que a preservação não impõe normas a reformas feitas no interior dos imóveis residenciais. “O que precisa ser mantido é o valor histórico”. Segundo Michele, nenhum procedimento será tomado à revelia dos proprietários ou inquilinos. De acordo com o coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, Marcos Miranda, a preservação não vai causar ingerência na administração nem restringir os usos, no caso de atividades comerciais como o mercado. Raul Soares. O local foi apontado pelo estudo como espaço público indicado ao tombamento. A praça já foi tombada pelo patrimônio estadual e deve ser tombado também pelo município. (VL)