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Reajustes dos insumos afetam construção em MG

Principal “vilão” é o aço, que subiu 50% nos sete primeiros meses do ano. Os aumentos constantes nos custos, como no caso do aço, estão impondo novos desafios para a indústria da construção civil. Os impactos causados pelos aumentos nos custos da construção civil, uma das causas apontadas para a retração de 25% das ações da Construtora Tenda nos últimos dias, segundo analistas, levaram as empresas a buscar cada vez mais estratégias para driblarem os problemas, sobretudo quando eles envolvem insumos básicos e mão-de-obra. O principal “vilão” do setor é o aço, que subiu cerca de 50% nos sete primeiros meses do ano. O impacto da alta dos insumos na Tenda ocorreu na última quarta-feira, quando dois bancos estrangeiros reduziram as recomendações dos papéis da construtora. Especialistas estimam que a principal causa da avaliação das instituições seria a dificuldade da empresa em repassar os custos para os preços dos imóveis de baixa renda, foco da empresa. Segundo representantes das construtoras mineiras, a situação com a Tenda foi isolada e não atingiria as demais companhias do ramo com capital aberto. Contudo, as altas nos preços dos insumos são sérias e seguem preocupando. De acordo com eles, além de “injustas”, pois surgem em um bom momento da economia nacional. As construtoras adotam desde a mudança de fornecedores até redução na carga horária dos operários Estratégia – Assim, as construtoras estão adotando desde a mudança de fornecedores, passando por negociações e contratos de venda e fornecimento preestabelecidos, até a redução na carga horária dos trabalhadores. Para o diretor Comercial da Construtora Habitare, Alexandre Soares, nos últimos meses houve aumento expressivo nos preços dos imóveis, acompanhando as elevações dos valores dos insumos, principalmente do aço. “A substituição dos fornecedores é uma boa medida, uma vez que o mercado está muito competitivo e dá margem para bons negócios. A mão-de-obra também preocupa, já que no ano passado enquanto a inflação foi de cerca de 6%, os salários dos trabalhadores do setor subiram 10%”, ressaltou Soares. De acordo com o vice-presidente Executivo da MRV Engenharia S/A, Leonardo Corrêa, os custos estão aumentando em níveis muito acima dos toleráveis. “As elevações levam a negociações cada vez mais acirradas com fornecedores e a uma antecipação dos contratos de compra de materiais, além da realização de estoques de alguns produtos”, afirmou. Para o diretor da Patrimar Engenharia, Marcelo Martins, o impacto forte da alta dos insumos é oriundo do próprio aquecimento do setor, que atinge toda a cadeia produtiva. “A tendência é de estabilidade, tanto nos custos quanto nos preços dos imóveis, nos próximos meses, quando a fase de excessos de lançamentos passar”, explicou. O presidente do Sinduscon-MG, Walter Bernardes de Castro, acredita que mesmo com materiais em alta, os aumentos na renda da população e o volume de crédito no mercado inflaram os financiamentos imobiliários e isso compensaria a elevação dos preços dos insumos para as construtoras, ampliando a demanda. MARX FERNANDES Carga tributária tem alta São Paulo – Os investimentos da cadeia de construção civil somaram R$ 205,34 bilhões no ano passado, com expansão de 13,8% em relação a 2006, segundo estudo realizado pela FGV Projetos, a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Em 2006, o setor havia investido 7,6% a mais que no ano anterior. Os investimentos da cadeia de construção respondem por uma parcela da formação bruta de capital, que é composta também por máquinas e equipamentos. “Esperamos continuidade do crescimento dos investimentos em 2008”, disse ontem a consultora da FGV Projetos, Ana Maria Castelo. Já a carga tributária da cadeia da construção foi de R$ 44,210 bilhões no ano passado, sendo R$ 17,077 bilhões referentes a impostos sobre produção e importação e R$ 27,133 bilhões a impostos sobre renda e propriedade. A carga tributária foi correspondente a 23,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da construção. No ano passado, a arrecadação cresceu 7,9% em 2007 em termos reais ante 2006. O presidente da Abramat, Melvyn Fox, destacou que a carga tributária teve expansão mesmo com as reduções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), concentradas em 2006, mas que ocorreram também em 2007. “A desoneração do IPI movimentou a economia. Temos insistido com o governo para que materiais de construção sejam incluídos na reforma tributária”, disse Fox. Segundo o estudo da FGV Projetos, o total de pessoal ocupado na cadeia da construção civil foi de 9,272 milhões no ano passado, com crescimento de 4,8% em relação a 2006. A atividade da construção respondeu por 68,4% do total. A indústria de materiais participou com o equivalente a 6,3%. Os serviços corresponderam a 5,3% do total, comércio de materiais de construção, por 9%, outros fornecedores, por 10,5%, e máquinas e equipamentos para a construção, por 0,5%. Emprego – Das 6,343 milhões de pessoas ocupadas na atividade de construção civil, entre 35% a 40% possuem carteira de trabalho ou são autônomos que fazem contribuições previdenciárias, segundo a consultora da FGV Projetos, Ana Maria Castelo. Ela destacou que a participação do emprego formal tem crescido. “No primeiro semestre, o número de empregados contratados por construtoras cresceu quase 17% ante o mesmo período do ano passado”, disse. Conforme Ana Maria, as aberturas de capital das companhias no setor e os investimentos de private equity em empresas do setor contribuíram para o aumento da formalidade. Já na indústria de materiais, a formalidade é maior, de acordo com a consultora, mas a taxa de crescimento do número de empregados é menor que nas construtoras. “A indústria de materiais é mais intensiva em capital e menos empregadora”, disse Ana Castelo. No ano passado, o número de empregados no segmento cresceu 4,7%, para 583,486 mil. (AE) Podem faltar alguns produtos De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, o limite de crescimento das vendas internas de materiais de construção é de cerca de 25% este ano, para que não haja escassez de produtos, considerando a atual capacidade ociosa de 15%. Esse limite não é exato, de acordo com Fox, mas, se houver “saltos muito grandes de crescimento para 25% ou 28% podem faltar produtos”. “Se há um pulo muito grande no consumo e na demanda, a situação é preocupante”, afirmou. Ele considera pouco provável que o crescimento chegue a esse patamar, mas, se isso correr, faltariam, inicialmente, materiais de base. O setor terá expansão de no mínimo 18% este ano, segundo o presidente da Abramat. Esse crescimento nominal de 18% corresponde a cerca de 11% real, conforme Fox. A entidade vai revisar a projeção no fim do terceiro trimestre, e a estimativa de crescimento nominal não deve ultrapassar 20%, de acordo com Fox. Para o aumento esperado das vendas internas, a capacidade instalada das indústrias de materiais será capaz de atender a demanda. “O que pode haver é alguma falta isolada em um ou outro segmento ou região.” No fim do ano, a capacidade ociosa deve se manter em 15%. A expansão esperada para 2009 é de 12%. De acordo com o presidente da Abramat, as construtoras costumavam receber as entregas de aços longos 60 dias após o pedido. “Hoje, muitas pedem para que o aço seja entregue em 15 dias. A pressa que o mercado está tendo pode gerar o não atendimento imediato da demanda”, disse. Ele defende que as construtoras planejem suas compras e disse ter ouvido do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) que a demanda será atendida dentro do previsto. Pesquisa – Conforme o termômetro Abramat, pesquisa realizada entre os associados da entidade, 62% das indústrias do setor têm, em agosto, pretensões de realizar investimentos relevantes nos próximos 12 meses. Cerca de 65% das indústrias de acabamento pretendem investir, e 58% do total dos fabricantes de materiais de base. Tanto nas fabricantes de básicos quanto de acabamento, o nível de utilização da capacidade instalada está em 85% este mês. A maior parte do crescimento das vendas internas em 2008 refere-se a volume e não a preços, embora as altas tenham participação maior do que em 2007, conforme o presidente da Abramat. Segundo ele, os aumentos de preços em materiais de construção registrados este ano foram decorrentes de altas dos insumos, e não existe inflação de demanda, mas de custos. Questionado sobre o abastecimento de gás para as indústrias cerâmica e de vidro, Fox disse não ter preocupação com falta de capacidade do setor de energia. “Há investimentos no setor de energia”, afirmou, ponderando que a indústria de materiais não sabe a rapidez com que isso será feito. O presidente da Abramat disse ainda não ser contra a importação de materiais pelas construtoras, desde que os itens importados estejam adequados às conformidades técnica e fiscal. “A concorrência tem de ser leal e salutar.” (AE)