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Está mais caro construir

alterações no custo unitário básico (cub) mostram que demanda maior e crescimento do setor contribuem para a alta ALESSANDRA MIZHER Construir ficou mais caro. A afirmação pode ser comprovada com a divulgação do último Custo Unitário Básico de Construção (CUB), índice publicado mensalmente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Com isso, por exemplo, o custo do metro quadrado de construção em Belo Horizonte, para o projeto de residência multifamiliar – no padrão normal, com garagem, pilotis, oito pavimentos e três quartos – passou de R$ 743,20, em maio, para R$ 753,63, em junho, alta de 1,40%. Segundo o Sinduscon-MG, esta variação ocorreu em função do incremento no custo com material, que registrou alta de 2,80%, a maior observada desde novembro de 2002. Além do aço, que cresceu 8,95% em junho, também se destacaram os aumentos nos preços do tubo de ferro galvanizado, bloco cerâmico para alvenaria de vedação, bancada de pia de mármore branco, esquadria de correr em alumínio anodizado, concreto, tinta látex e areia. A alta é confirmada pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), entidade que representa as 138 mil lojas do setor existentes no país. Ela revela que no acumulado dos últimos 12 meses, o desempenho foi de 10,5%, maior crescimento dos últimos 13 anos. No acumulado do ano, os materiais básicos como cimento, areia e tijolos cresceram 12,5%, seguidos pelos materiais hidráulicos (8,5%), elétricos (7,8%) e de acabamento (6%). PAC Segundo especialistas, os números refletem as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O período é favorável ao setor, principalmente porque a economia e o juros estão estáveis e o crédito imobiliário está em plena expansão”, explica o economista Daniel Furletti, coordenador sindical do Sinduscon-MG. Preço do cimento puxa alta O constante aumento do Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m%B2) vem chamando a atenção do setor. Com o resultado alcançado em junho, o índice registrou, nos primeiros seis meses do ano, aumento de 4,14%, a maior alta para um primeiro semestre desde 2003, quando aumentou 5,98%. Já o custo com material cresceu 7,09%, enquanto o custo com mão-de-obra registrou alta de 0,73%. A escalada de preços acontece paralelamente ao aquecimento do setor imobiliário e da construção civil, observado desde meados do ano passado. De acordo com Ricardo Geovanni Fortuna Caus, presidente da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac-MG), com o aquecimento do setor, houve maior procura por materiais e mão-de-obra, elevando assim o seus custos. “É a lei da oferta e da procura. O setor vinha passando por uma recessão muito grande. Porém, desde o ano passado, com a estabilidade da economia e dos juros e maior abertura de crédito imobiliário, a situação mudou. A construção civil passou a fazer parte de um dos segmentos mais promissores”, revela. Assim, os investimentos em construção passaram a ser recorrentes, gerando um ciclo de maior procura por mão-de-obra e materiais de construção – o que pressionou o aumento dos custos. Para o presidente da Acomac- MG, o cimento foi o material que mais apresentou elevação desde 2003. “Na época, o saco custava cerca de R$ 15. Entretanto, com o enfraquecimento do setor, o preço foi caindo e, em 2007, chegou a custar R$ 8, o menor preço desde então. Agora, podemos verificar o valor do saco de cimento ultrapassando os R$ 16”, ressalta. Para Caus, outros materiais de construção também apresentaram elevação de preços considerável, mas nenhuma delas pode ser comparada à valorização do cimento. A explicação é bem simples. Produtos básicos como material elétrico e hidráulico, entre outros, oferecem maior número de fabricantes e fornecedores nacionais, principalmente se comparado ao cimento. Assim, como a oferta é maior, a tendência é que os preços sejam menores. Além disso, com o dólar baixo, a entrada de produtos importados se acentua, aumentando ainda mais a concorrência e diminuindo os preços. Custos da construção ultrapassam fronteiras Para o coordenador sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), economista Daniel Furletti, o aumento dos custos de construção ultrapassa as fronteiras nacionais. Segundo ele, o incremento significativo no preço do aço CA-50 10mm foi um dos responsáveis por este resultado. “Em junho, este importante insumo do setor aumentou 8,95%, o que muito contribuiu para o incremento no custo da construção. Somente no primeiro semestre do ano, o preço do aço cresceu 19,89%. Devese lembrar que, considerando uma edificação com oito pavimentos-tipo, três quartos e padrão normal de acabamento, o aço CA-50 10mm é responsável por mais de 18% do custo com material e por 9,20% do custo total da obra. Por isso, os aumentos neste insumo sempre impactam significativamente o custo da construção”, enfatiza. Furletti lembra que o problema não está relacionado apenas à oferta e demanda, mas principalmente ao aumento de investimentos do setor de siderurgia, elevando assim o valor do produto no mercado internacional. Além disso, o alento para o setor é que os aumentos não estão ocorrendo de forma sistêmica. “O país precisa continuar no seu processo de crescimento e, para isso, é fundamental a manutenção da estabilidade macroeconômica – que passa, entre outros, pela maior estabilidade nos preços,” destaca. Além dos aumentos dos insumos, um outro entrave tem afetado o segmento: a falta de mão-de-obra especializada. “Está muito difícil encontrar profissional capacitado. E esse problema só é resolvido lentamente, com a formação gradual dos profissionais”, revela André Campos, vice-presidente da Emccamp Residencial. Segundo ele, o aumento do preço dos imóveis para o consumidor final é especulativo, principalmente pelo aquecimento do setor, mas também está relacionado ao aumento dos custos de produção. “As empresas não podem sacrificar sua margem de lucro, por isso, acabam repassando o aumento”, completa.