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Empresas optam por qualificação sob encomenda

Escolas agora atendem a demanda específica. Muitas instituições de ensino estão ampliando o foco de atuação para atender, também, às necessidades das empresas. O apagão da mão-de-obra, problema que tem se alastrado por diversos segmentos da economia brasileira, tem motivado o setor produtivo a se aproximar cada vez mais das escolas para o desenvolvimento, a quatro mãos, de programas de capacitação. Em Belo Horizonte, por exemplo, a Fumec assinou um convênio com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG) para a formatação de cursos que visam a qualificação de profissionais como pedreiros, bombeiros e eletricistas, tendo atendido cerca de 350 pessoas. “A carência desse tipo de profissional é uma realidade”, enfatizou a coordenadora do setor de qualificação profissional e professora de cursos da área de Engenharia da Fumec, Enid Brandão Carneiro Drummond. Cada turma tem entre 20 e 30 alunos. A metodologia utilizada possibilita o contato entre os operários e o ambiente acadêmico. A professora destacou, ainda, que há empresas que solicitam a abertura de turmas específicas, prática que tem se intensificado nos últimos semestres. “A participação nos cursos é um quesito considerado para promoções e progressões na carreira do empregado”, apontou. A abertura de um curso universitário, seja ele de bacharelado/licenciatura ou mesmo o modelo tecnológico representa um investimento para a instituição de ensino. Por isso, todos os programas são concebidos à luz das necessidades do mercado de trabalho. Atualmente, a demanda por profissionais capacitados tem motivado a aceleração do processo de qualificação. Graduação – A Unatec oferece 22 cursos de graduação tecnológica em gestão/negócios, lazer/turismo, produção e saúde, para um público de 5,6 mil estudantes na Capital. Com quatro anos de atividades, a instituição pretende ampliar o número de programas, sempre visando as necessidades do mercado. A diretora da Unatec, Alice Hosken, avaliou que o relacionamento com o setor produtivo tem se tornado cada vez mais estreito graças à falta de profissionais capacitados. “Quando aumenta o contato, ampliam-se as parcerias”, analisou. O ponto a favor da graduação tecnológica é que todos os projetos de curso são direcionados para o mercado, com formação ampla do profissional. “Aliamos as competências técnica e comportamental para formar mão-de-obra que atue com responsabilidade social, cuidado com o meio ambiente e assim por diante, como 2tem exigido o mercado”, enfatizou. A Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) informou que a aproximação com a iniciativa privada já foi incorporada às práticas da instituição. Há diversos cursos confeccionados sob medida para organizações líderes do mercado. Em alguns deles, as aulas são realizadas no campus. Entre as empresas clientes estão a Companhia Vale do Rio Doce (Vale) e Fiat Automóveis para programas de pós-graduação e outros, com menor tempo de duração. Líderes – A demanda das organizações para a qualificação do seu quadro de gestores também está crescendo. A gerente de projetos da Fundação Dom Cabral (FDC), professora Sandra Tupinambá, afirmou que a formação de executivos tem se firmado como uma necessidade para diversas empresas. “Chamamos esses cursos de soluções educacionais que têm como objetivo atender necessidades específicas das organizações”, explicou. Para criar os projetos customizados, a FDC atua em três eixos complementares, tendo como base um diagnóstico prévio da realidade da empresa. O primeiro deles é o resultado que se pretende atingir com o programa. O outro é a definição dos conteúdos necessários e, há, ainda, a seleção da metodologia adequada para a situação. A professora lembrou que, devido ao aquecimento econômico, as organizações estão ampliando a sua estrutura, o que implica, obrigatoriamente, no aumento do número de gestores. “Muitas empresas ainda promovem um bom técnico ao cargo de gestor, só que eles não estão preparados para administrar pessoas, projetos e negócios. Por isso as empresas propiciam esse salto qualitativo nas carreiras, o que se reflete, também, na sua realidade”, enfatizou. LUCIANA SAMPAIO Cefet e Petrobras firmam parceria Além das 2,3 mil vagas para o ensino médio técnico e de outras 500 para os cursos de graduação na área de engenharia, o Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet) também atende às demandas de organizações para a capacitação de mão-de-obra. O diretor-geral da instituição, professor Flávio dos Santos, lembrou que o relacionamento das companhias com o ambiente acadêmico sempre fez parte da rotina da escola. Atualmente, o Cefet oferece um curso para a Petrobras para a capacitação de 800 técnicos. A demanda crescente do setor de mineração/metalurgia no Estado também tem motivado a criação de programas específicos. Para uma mineradora que atua em Minas estão sendo capacitados 600 profissionais de nível técnico. As unidades instaladas no interior do Estado também desenvolvem projetos do gênero. “O apagão da mão-de-obra técnica sempre se reflete no aumento da demanda para a instituição”, apontou. Essa aproximação se verifica, também, por meio do estágio supervisionado obrigatório com duração de seis meses para os alunos do ensino médio técnico. “A demanda das empresas por estagiários é bem maior que a capacidade de atendimento do Cefet. Ao final, 80% dos alunos já estão empregados com carteira assinada. (LS) Varejo e shoppings investem em capacitação profissional A fim de proporcionar um bom atendimento ao seu consumidor e aproveitar o crescimento nas vendas, os shoppings e o varejo estão preocupados em investir na capacitação do todo visando o futuro do setor. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), por meio de seu departamento de treinamento, o Treinashop, já capacitou, nos últimos 6 anos, mais de 146 mil pessoas. De 2003 para 2004, o crescimento chegou a quase 90%, estabilizando-se de lá para cá. O ano de 2007 fechou com 307 turmas. Em 2008, já foram fechadas 287 turmas e espera-se que até o final do ano este número ultrapasse o resultado do ano anterior. Segundo o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, muitas empresas ainda não se deram conta da importância desse investimento, principalmente no impacto positivo ao faturamento. “É indispensável transmitir a seus colaboradores toda filosofia da empresa, atendimento, conhecimento do produto, postura, como se relacionar com o cliente e tantas outras práticas importantes para que o consumidor seja fiel ao lojista”, explica Sahyoun. Outro dado interessante é que diminuíram as contratações para treinamentos de curta duração, com apenas duas horas, e aumentou a procura por uma formação mais abrangente, com cursos de maior duração, de 12 a 16 horas. As instituições passaram a mostrar uma postura mais atuante diante do setor, que aos poucos mostra interesse em manter o diferencial de atendimento que o varejo sonha. “No mercado de alta competição, quem sai na frente pode fazer diferença junto a sua concorrência. Para tanto, o treinamento tem sido um diferencial ao longo dos anos”, explica Sahyoun. Além disso, o setor encontra dificuldade na busca de profissionais habilitados e com isso opta muitas vezes em treinar pessoas que estão fora do mercado de trabalho. “Se todo o varejo investisse em capacitação, teríamos profissionais habilitados circulando no mercado. O varejo tem que apostar no futuro das pessoas para que ele mesmo cresça”, acredita a gerente do Treinashop, Elisete Hid. Um exemplo é o Shopping Taboão, que investe em programa de capacitação profissional destinado a jovens da cidade de Taboão da Serra, na grande São Paulo. O programa prepara estes jovens para serem vendedores e atuarem no comércio varejista. Com a necessidade de contratar 2 mil trabalhadores entre empregos diretos e indiretos, detectou-se a falta de vendedores familiarizados com o funcionamento de um shopping. Para o final do ano existe uma grande procura de treinamentos e capacitação, pois as contratações de funcionários extras para o Natal aumentam e a necessidade de adequar os profissionais para um bom atendimento, também. Nesse momento, a preferência é por cursos de montagem de vitrines e técnicas de atendimento e vendas. REPORTAGEM LOCAL