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Construção civil busca redução de impacto das obras

Sustentabilidade leva o setor a rever conceitos. Construção civil e sustentabilidade são dois assuntos que estão começando a caminhar juntos no Brasil. Depois de 20 anos de desaquecimento do setor e, conseqüentemente, do baixo índice de desenvolvimento de inovações e tecnologias, o país e as empresas começam a voltar os olhos para a qualidade técnica dos projetos e obras em curso e de outras que se seguirão, devido à retomada do segmento, com direito a diferenciais nunca antes imaginados como essenciais para a perenidade do negócio. Além de otimizar o uso dos recursos disponíveis, a indústria da construção civil está sendo chamada a reavaliar suas práticas e a propor soluções para impactos ambientais, urbanos e sociais que provoca. Segundo o professor do Departamento de Engenharia da Construção Civil da Universidade de São Paulo (USP), Vanderley Moacyr John, considerado referência nacional o tema e responsável pelos trabalhos do 2º Encontro Nacional de Gestão de Resíduos e Sustentabilidade na Construção, evento paralelo à Minascon 2008, sustentabilidade não é modismo que vai desaparecer de uma hora para outra. Ao contrário é prática a ser incorporada, em caráter de urgência pelas empresas que atuam no segmento. “O Brasil está atrasado em 15 anos, pelo menos”, destacou. Muitas idéias que ainda parecem abstratas para os gestores da construção civil deverão ser incorporadas à linha produtiva, nos próximos anos. De acordo com o professor, ou as organizações se planejam para essa mudança ou terão que fazê-la de forma abrupta, o que implica em métodos por vezes dramáticos e radicais. “A opção é fazer ou fazer. Essa é uma necessidade que não pode ser controlada pelos gestores”, adiantou. Resíduos – O segmento já começou a despertar para a importância da sustentabilidade. “Minas Gerais é referência em muitas práticas. O projeto de revitalização do centro de Belo Horizonte, que contempla a modernização dos edifícios, é uma boa medida”, afirmou. Há também o trabalho desenvolvido para a gestão dos resíduos da construção. O passo em falso, segundo o professor, é a construção do novo centro administrativo do governo do Estado, no Vetor Norte da Capital, com um projeto que não é considerado sustentável do ponto de vista dos custos, pois representa um “olhar” da década de 60. Os poucos avanços registrados pelo segmento da construção civil no país, de acordo com John, são tentativas de cópias de iniciativas que estão sendo utilizadas em outros países, considerados mais avançados. “Falta no Brasil um planejamento de médio prazo. É preciso tratar a questão da sustentabilidade como estratégia, o que demanda uma agenda social que reúna sociedade, empresários do setor e governo”, enfatizou. Belo Horizonte é apontada como a cidade que mais utiliza aquecimento solar. “Essa prática é interessante para a cidade mas não se encaixa, por exemplo, em Teresina. No entanto, há um projeto de lei que está pretendendo tornar essa iniciativa obrigatória, em todo o país”, ressaltou. Para o professor, os legisladores devem compreender que cada Estado tem seus problemas e desafios ambientais, climáticos e sociais. Por isso, a busca por soluções não pode ser conduzida de forma genérica. LUCIANA SAMPAIO