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BC pode ser mais severo com juro

Aposta majoritária é de aumento de 0,50 ponto na Selic, mas 0,75 não está descartado . Na semana da quinta reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), que começou ontem e termina hoje, as perspectivas em relação aos juros continuam apontando para uma nova alta similar às duas que já ocorreram em 2008. Entidades de classe e economistas esperam elevação de pelo menos 0,5 ponto percentual na Selic, mas já há quem aponte para uma alta ainda maior, de 0,75%. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de Minas Gerais (Sinditêxtil-MG), Adelmo Gonçalves, com a inflação ainda em curva ascendente, mesmo após expansão de um ponto percentual dos juros nos últimos meses, o Banco Central (BC) deverá ser mais severo no aperto monetário. “A inflação está de volta e os juros não deverão ceder tão cedo. O aumento da Selic deverá ser de pelo menos 0,5 ponto percentual, mas não me surpreenderá se chegar a 0,75 ponto percentual”, avaliou. Segundo ele, a tendência é de que o ciclo de alta continue até o fim do ano, o que poderá impactar tanto nas vendas quanto nos investimentos do setor. Após a reunião desta semana, o Copom ainda terá mais três oportunidades de alterar a Selic em 2008. Para o diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Jackson Camara, é melhor ter o aumento dos juros que a corrosão do poder de compra da população com a inflação. No entanto, para ele, o ideal seria o controle ágil da situação e a volta das quedas da Selic. “Não dá para saber o que se passa na cabeça dos conselheiros do Banco Central, mas é praticamente impossível que os juros voltem a cair no curto prazo”, disse. Como as vendas imobiliárias são realizadas quase que exclusivamente a prazo, o segmento é um dos mais atingidos por aumentos do custo do crédito. IPCA – A previsão do mercado é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indicador oficial utilizado pelo governo – deverá ultrapassar o teto da meta de 6,5 % neste ano. Conforme Pesquisa Focus, o índice deverá encerrar 2008 em 6,53%, ante de 6,48% na semana passada. Conforme o professor de Finanças da Fundação Dom Cabral (FDC) Haroldo Vale Mota, o ritmo de aumento da Selic deverá ser mantido hoje e poderá se estender até o fim do ano. Apesar de considerar o rigor monetário acertado em um período de alta de preços, ele acredita que o governo deveria utilizar outros instrumentos para conter a inflação. “O governo está perdendo excelente oportunidade de cortar gastos. Enquanto poderia segurar a demanda com um plano sério de redução do dispêndio, está apostando todas as fichas na política de juros.” MÁRIO CORRÊA Tratamento “de choque” Rio – A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) e a ASB Financeira divulgaram nota em conjunto, ontem, em que projetam uma elevação de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) que termina hoje. O conselheiro econômico da Acrefi, Istvan Kasznar, diz que a demanda interna aquecida, a liberação de crédito em grande escala para o financiamento de carros e utilitários e a disparada de preços do petróleo e dos grãos no exterior continuarão a pressionar a inflação. Para Kasznar, a única forma de contê-la é aplicar novamente uma vigorosa dose misturada de disciplina monetária e de controle fiscal. “Daí, não se sai.  preciso, mesmo que doa a curto prazo e volte a comprovar seus benefícios a médio e longo prazos, reduzir e quase zerar a taxa de expansão da moeda, simultaneamente dando um corte nos gastos correntes do governo em seus três níveis: federal, estadual e municipal”, receita. Segundo o conselheiro da Acrefi, a Selic vai a 13% na reunião deste mês e passa dos 14% até o final do ano. Contágio – O diretor da ASB Financeira, José Arthur Assunção, explica que a economia do país está a um passo de um contágio generalizado em todos os preços: “A inflação de junho, medida pelo IPCA, foi de 0,74%, chegando aos 6,06%, quando se leva em conta os últimos 12 meses. Está muito próxima ao teto da meta, que é de 6,5%. Não vai demorar muito para alguém vir a público requerer algum tipo de indexador para preços e salários. Daí em diante é a desorganização geral da economia”, prevê. Está na hora, segundo Assunção, de o Banco Central partir para o combate com todas as armas de que dispõe para estancar a inflação: “Acho que o Copom deve elevar os juros, no mínimo, em 0,75 ponto e ainda pôr um viés de alta na taxa Selic”. Mas o ideal mesmo, segundo ele, seria um tiro de calibre bem maior – elevar uns dois pontos percentuais de uma vez só -, acompanhado de uma elevação do depósito compulsório dos bancos. (AG) Paulson defende socorro a agências Estabilidade das empresas seria crucial para reduzir incerteza nos EUA. São Paulo – A estabilidade das duas maiores empresas do setor hipotecário dos Estados Unidos, a Fannie Mae e a Freddie Mac (que contam com respaldo do governo), é crucial para reduzir a incerteza nos mercados financeiros americanos e abrir caminho para a recuperação econômica do país, disse ontem o secretário do Tesouro, Henry Paulson. “A estabilidade da Fannie Mae e da Freddie Mac é crítica para a estabilidade do mercado financeiro. A atividade contínua é central para a velocidade com a qual vamos emergir dessa correção no mercado imobiliário e remover a incerteza subjacente nos mercados financeiros e nas instituições financeiras”, afirmou Paulson, que disse ainda que o Congresso precisa aprovar o aumento das linhas de crédito à disposição das duas empresas. O atual montante de créditos disponível para as duas sociedades é de cerca de US$ 2,250 bilhões, valor fixado pelo Congresso americano há quase 40 anos. As duas empresas garantem hipotecas no valor de US$ 5,3 trilhões. O plano de resgate do governo prevê o aumento temporário da linha de crédito que as duas companhias têm com o Tesouro e aquisição, em última instância, de ações destas empresas. O Fed, por sua vez, autorizou o banco da autoridade monetária em Nova York a proporcionar capital às duas empresas, em caso de emergência. Estabilização – Paulson disse que a maior prioridade do departamento agora é estabilizar os mercados financeiros e as instituições financeiras e que não tem escolha a não ser pedir ao Congresso a ajuda às duas empresas hipotecárias. “Eu preferiria não estar na posição de ter de pedir autoridade extraordinária para ajudar (…) Mas tenho que jogar com as cartas que tenho na mão”, disse. “Agora, mais do que nunca, precisamos da Fannie e da Freddie financiando hipotecas”, afirmou. “Isso significa que precisamos, no curto prazo, adotar medidas para impulsionar a confiança nas duas empresas, além de tomar medidas para lidar com o risco sistêmico em potencial que elas representam.” Para o secretário, a recuperação no mercado financeiro vai levar tempo. “Experimentamos mais contratempos recentemente, e até que o mercado imobiliário se estabilize, devemos esperar mais pressão nos mercados (…) Sair da recente turbulência vai levar mais tempo, enquanto os mercados e as instituições financeiras continuam a avaliar o risco e a estipular novos preços para os títulos em uma série de setores.” (FP)